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MEMÓRIA: ENTREVISTA COM SONINHA FRANCINE EM MAIO DE 2000

O tempo é implacável e muda muito nossos rumos, metas e vidas. Conheci a Soninha em 98. Em 2000 ela veio à Natal visitar festival e lá troquei uma idéia com ela que virou essa entrevista aí. Soninha hoje é uma das candidatas a prefeitura de São Paulo, virou uma espécie de porta voz da juventude e das pessoas com ideais alternativos e por aí vai. Sensacional, confira!

Soninha, como é mais conhecida na cena musical, é ex-VJ da MTV e comentarista do canal esportivo ESPN Brasil. Atualmente estuda o formato de seu novo programa na Tv Cultura. Pra falar de futebol, música e cena potiguar, entre outros assuntos, Anderson Foca bateu um papo com ela no MADA-2000.

Anderson- E aí, Soninha? E o Festival?
Soninha- Gostei de muitas bandas que eu não conhecia. Lamentei a chuva que insistiu em cair. Ainda não vai ser desta vez que vai se formar um público em Natal. Para isso acontecer a cena tem que sem forte, o público tem que consumir a música que se faz aqui. Na base da insistência você vai conseguir formar um público e uma cena. É só questão de tempo. Mesmo assim a galera ficou embaixo de chuva para assistir as bandas e isso é muito bom. Em São Paulo é maravilhoso para você ver banda consagrada. Banda nova não tem onde tocar e é muito difícil da gente ver.

Anderson – Cite as bandas que você mais gostou no festival.
Soninha – General Junkie, Peixe Coco, Dom Manuel Carnaval, Officina, Flávio Cavalcanti, Supersoniques.

Anderson – Qual é o conteúdo do seu site pessoal?
Soninha – Rapaz, o site está hospedado no American Online e infelizmente, só quem assina AOL pode visitar. Mais o conteúdo é bem legal, tem cinco seções. Numa eu falo sobre lançamentos, música, cinema, livros e discos. Numa outra seção eu falo sobre as minhas coisas favoritas, independente de ser lançamento ou não. Outra seção é chamada “Por um mundo melhor”. Esta seção é para as pessoas viverem melhor e não transformarem sua vida num inferno. O conteúdo do site é trocado toda semana. Todas as seções são abertas à inserção de quem visita a página.

Anderson – Você veio no Mada 98, nós ficamos um ano sem o festival agora você volta pro Mada 2000. Qual a diferença básica entre os dois festivais?
Soninha – Eu acho que houve uma evolução na qualidade das bandas. Eu ouvi mais coisas que eu gostei ou coisas boas. Tudo bem que são mais bandas…

Anderson – Não tantas mais assim, no MADA 98 tínhamos 25 bandas…
Soninha – Pois é. Acho que mais bandas melhoraram e apareceram outras muito boas. A disposição das bandas por estilo foi uma boa. No primeiro festival tinham bandas que já tinham um público mas que acabaram destoando uma barbaridade. Tinha até uma de pagode!!! O line up era mais irregular! Este ano foi bem definido. Dois palcos também foi legal. A disposição física do lugar e as barracas vendendo coisas alternativas foram ótimas evoluções. Acho que o festival alcançou a maioridade e a tendência daqui pra frente é melhorar!

Anderson – Vamos sair um pouco do MADA e falar de um lado mais pessoal. Especificamente do seu trabalho com o esporte. Há um ame ou deixe em relação ao seu trabalho como comentarista. Como é isso?
Soninha – Na verdade acho que é assim com todo mundo. As pessoas me perguntam como é ser comentarista mulher. Acho que é foda de qualquer jeito. Para homem também. O que mais me incomoda é as pessoas falarem que eu sou bairrista, que eu não dou importância aos outros estados e que eu só falo dos times de São Paulo. Na verdade eu conheço muito melhor o futebol de São Paulo e do Rio por que em todo o Brasil é assim. Tentei ver na televisão algum jogo local e estava passando Vasco x Olaria, quer dizer a mídia nacional é voltada para estes dois centros. Em São Paulo é impossível falar de América e ABC. Eu não vou me meter a falar do que eu não conheço.

Anderson- Você é Palmeirense, não é isso?
Soninha – Sou! De ir a estádio e tudo!

Anderson – Quando você faz umas críticas ao Palmeiras e encontra os jogadores o que eles falam?
Soninha – Não rola muito. Agora esta questão de esconder o time é difícil por que você acaba metendo mais o pau na agremiação que você gosta. O João Carlos Albuquerque (apresentador da ESPN) dificilmente fala bem do Santos e todo mundo sabe que ele é “peixe” até a alma.

Anderson – Como é para você não ser hipócrita num comentário, sabendo que depois tem que assumir certas declarações?
Soninha – São duas saias justas, tanto sobre música quanto futebol. A galera me pergunta coisas sobre o axé e o pagode, e pode ser que me encontre com os caras que eu critiquei no outro dia. São os ossos do ofício. Agora eu nunca vou dizer que eu gosto de uma coisa se eu não gosto. Eu trato todos muito bem, não puxo a cadeira da visita, mas daí a comentar que uma música ou um disco é bom, só por que estou na frente do artista não rola. Quando me perguntam: você gosta de axé? Você gosta de Banda EVA? Eu não gosto nem um pouco de Banda EVA. Uma vez eu “meti o pau” no Paulo Nunes naquele episódio do racismo. Ele parece que chamou o Rincon de preto. Na verdade nem sei de quem foi a culpa. Foi o maior disse-me-disse em São Paulo. No mesmo dia encontrei com ele no aeroporto e ele virou a cara para mim.

Anderson – A galera que quer entrar em contato com você. Qual é o seu endereço eletrônico?
Soninha – soninhabr@aol.com.br

Anderson – O MADA vai ou não vai?
Soninha – É muito importante que exista um festival como esse por vários motivos. O primeiro é formar o público e para isso é preciso que o festival continue. Eu sei que ele é feito no maior sufoco numa iniciativa quase individual. É difícil você ter uma banda, as vezes dá o maior desânimo e um festival deste dá um gás para que as bandas continuem. Para a cena local é muito importante que venha gente de fora para ver, do mesmo jeito que em São Paulo é importante que você toque no exterior e tudo mais. Santo de casa nunca faz milagre.

Anderson – Pra fechar, qual é o melhor time do Brasil?
Soninha – São três. Corínthians, Atlético Mineiro e Atlético Paranaense.

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