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COMO FOI? SCORPIONS NO RIO DE JANEIRO

Grupo alemão iniciou a turnê brasileira pelo Rio e desperdiçou tempo fazendo versões “acústicas” com a participação de músicos brasileiros, entre eles o guitarrista do Sepultura, Andreas Kisser.

Depois de tanto tempo sem tocar no Rio, o Scorpions voltou à cidade para iniciar sua maior turnê pelo país. O único problema é que a banda optou para fazer uma apresentação “eletroacústica”, e uma vez divulgado isso, a questão era saber quais músicas seriam desperdiçadas ao serem tocadas com violões. A espetacular Rio Arena não estava tão vazia assim, considerando-se que ela é maior que o tamanho do Scorpions e a produção cobrou ingressos a preços exorbitantes. Ao menos a idéia de fazer o show na Apoteose foi deixada de lado.

O início foi algo de mexer com o mais incólume dos fãs. Com um approach espetacular de Rudolf Schenker e Matthias Jabs, o grupo começou com “Hour 1”, do último disco, e depois emendou, sem dó, “Coming Home”, “Bad Boys Runing Wild” e “The Zoo”, recentemente considerada uma das 100 músicas que importam o classic rock, por uma publicação americana. Impressionante como os dois guitarristas, e também Klaus Meine continuam entusiasmados e interagindo com o público de uma maneira vibrante. Não é nada, não é nada, Schenker e Meine têm 60 anos, e Jabs, 52. Foi em “The Zoo” que Meine iniciou uma interminável distribuição de baquetas que durou até o final da noite, para felicidade geral do gargarejo vip. O início teve desfecho com a discreta entrada de Andreas Kisser, que fez a instrumental “Coast to Coast” ser executada com quatro guitarras – uma tocada por Klaus Meine. Vê-los à frente do palco em coreografia clássica foi um dos pontos altos do show.

É aí que entra em cena a formação para o trecho “acústico” do show, embora todos os instrumentos tivessem captação de microfones. Além de Andreas, se juntam ao grupo um tecladista e operador de laptop, dois percussionistas e três vocalistas de apoio. Apesar dos violões de Matthias e Rudolf terem um design arrojado, imitando modelos clássicos de guitarras como a Flying V, por exemplo, a idéia não soa tão bem. Primeiro, que ninguém ali é lá grande violonista, e olha que Andreas, famoso pelas distorções junto ao Sepultura, participou mais com viola do que com a guitarra. Depois, porque a percussão emprestou ao Scorpions uma “latinidad” completamente dispensável. Músicas como a bela “Dust In The Wind”, do Kansas, e “Loving You Sunday Morning” foram para o brejo. E, por último, as vocalistas certamente foram escolhidas mais pelos dotes rebolativos do que por mérito vocal. O resultado foi uma patacoada só, que acabou numa batucada dos diabos depois de oito pobres músicas.

Mas havia no ar um certo clima de Rock In Rio. Klaus Meine lembrou a versão original do festival, de 1985, na primeira vez em que o Scorpions veio ao Brasil, como lendário. No final do set acústico, levou uma versão num atabalhoado português germânico para “Shidade Maravilhosa”. E tudo isso sob uma iluminação cuja distribuição de luzes, coincidência ou não, lembrava ao equipamento usado em 1985, aquele mesmo que o Queen alugara ao festival. Quando, já no bis, veio “Still Loving You”, a princesa das baladas, o cenário de 23 anos atrás se fez presente nas memórias de cada um.

Antes, o batera James Kottak exorcizou o acústico com um bom solo de bateria que contou com uma touca e uma bandeira brasileiros, e a exibição, em letras cavalares, nas próprias costas do rapaz, da frase “rock’n’roll forever”. A ótima “321”, do último disco, emendada em “Blackout”, com mais um show da dupla de guitarrista à frente do palco, e “Big City Nights” fecharam o set. O bis seria lindo, com a piegas, mas pungente “Humanity”, logo depois de “Still Loving You”, e “Rock You Like a Hurricane”, numa versão misturada da original com a feita para o show com orquestra, na Expo 2000. Mas Klaus Meine decidiu fazer uma média e chamou todos ao palco para uma versão de “A Moment In a Million Years”. Se a música, ruim, faz parte do pior álbum da história do Scorpions, imagina uma versão dela no formato “acústico/batucada”…

A grande ausência da noite foi o hit “No One Like You”, mas “Dynamite”, “Make It Real” e mais músicas do disco novo poderiam ser tocadas nas duas horas de show, afinal essa era para ser a turnê de “Humanity Hour – 1”, um dos melhores dos últimos tempos. E vamos esquecer esse negócio de acústico de uma vez por todas.

A turnê brasileira do Scorpions continua hoje, em Goiânia, e segue por Belém, Manaus, São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Ponta Grossa e Ribeirão Preto.

Set List completo

1- Hour 1
2- Coming Home
3- Bad Boys Running Wild
4- The Zoo
5- No Pain, No Gain
6- Coast to Coast

Set “Acústico”

7- Always Somewhere
8- Send Me an Angel
9- Holiday
10- Dust In The Wind
11- Loving You Sunday Morning
12- Tease Me Please Me
13- Wind Of Change
14- Rhythm Of Love

Fim do set “Acústico”

15- Kottak Attack (solo de bateria)
16- 321
17- Blackout
18- Big City Nights

Bis

19- Still Loving You
20- Humanity
21- Rock you Like a Hurricane
22 – A Moment In a Million Years

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