Coberturas

COMO FOI? QUEEN NO RIO

Formação enxuta, com Paul Rodgers nos vocais, trouxe ainda músicas novas e hits da das carreiras solos dos integrantes; em estado de graça, platéia aplaude até solo de bateria. Fotos: Alexandre Grand / Divulgação In Press (1 e 3) e Daryan Dorneles (2, 4 e 5).

Por Marcos Bragatto

Conteúdo: Rock Em Geral

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Paul Rodgers e Brian May entraram no palco com a corda toda, em coregrafias ensaiadas

Uma versão reformada do Queen com o vocalista Paul Rodgers se apresentou ontem no HSBC Arena, no Rio, para um público estimado em 6 mil pessoas. O que parecia ser um evento revivalista acabou se mostrando um espetáculo de rock inimaginável nos dias de hoje, seja pela qualidade do repertório ou pela robusta duração do show. O big bang que aparece no telão gigante no início simboliza um recomeçar improvável para uma banda que tinha como marca registrada o carisma de um vocalista sem igual. Mas o Queen sempre foi, também, uma reunião de gênios polivalentes, e essa versão em parceria com Paul Rodgers reafirma uma impecável divisão de tarefas.

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O tradicional giro de pedestal
de mricrofone de Rodgers

Tanto que Rodgers sai do palco várias vezes, dando lugar ao gogó de Brian May ou até ao do batera Roger Taylor. May protagoniza um dos momentos mais belos do show, em “Love Of My Life”. “As vozes que cantavam essa música em 1985 nunca mais saíram da minha cabeça. Vocês querem continuar cantando?”, perguntou, numa referência à histórica apresentação do primeiro Rock In Rio. O público queria, e o guitarrista, sozinho na passarela montada à frente do palco, foi às lágrimas. A tal polivalência resume a banda a seis integrantes – todos cantam -, sem precisar rechear o set com participações especiais, como em geral acontece com grupos longevos como o Queen.

Num início que foi direto ao assunto, com destaque para “I Want It All” e “I Want To Break Free”, era impossível, no entanto, não olhar para o palco sem imaginar a figura de Freddie Mercury. Fosse nos clássicos passos de “Another One Bites The Dust” ou no modo único de segurar o pedestal pela metade, a marca registrada do Queen estava lá, e chegou mesmo a parecer no telão, na trivial “Bijou” e fazendo um tecnológico “dueto” com Rodgers na mais que clássica “Bohemian Rhapsody”, uma ópera-progressiva cantada em uníssono pela Arena.

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Brian May se emocionou com a
cantoria do público carioca

Projetado no telão, o público se revelava mais jovem do que o esperado, considerando que o Queen saiu de cena com a morte precoce de Mercury, há 17 anos. Mas aqueles rostos imberbes cantavam com a mesma emoção que os que soltavam lágrimas lembrando, como Brian May, do show do Rock In Rio. Foi assim até na insossa “A Kind Of Magic”, mas, sobretudo em “Radio Ga Ga”, que repetiu o preciso espetáculo das palmas, ou mesmo na nova “Cosmos Rockin’”, um rockão das antigas atualizado para os dias de hoje. Outra das novas que agradou foi “Say It’s Not True”, uma baladaça que é a cara do Queen.

O que se conclui em exatas duas horas e meia de espetáculo é que um show do Queen é tudo que um bom show de rock deve ser: boas canções, grandes sucessos, refrões para se cantar junto, e, sobretudo, guitarras em todas as músicas. Não tem firula; é solo em todas elas e ponto final. A exceção, por assim dizer, está quando a banda vai se reunindo na ponta da plataforma que se projeta sobre o público para tocar algumas músicas em clima de fanfarra – entre elas a inesperada “’39”. O momento é encerrado com um extraordinário solo de Roger Taylor, cantando em seguida, ele próprio, a dramática “I’m In Love With My Car”.

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Rodgers e May dominaram o palco como
poucos no mundo do rock

Brian May também teve direito ao seu brilho individual, e encantou com “Bijou”, aquela em que Freddie Mercury apareceu pela primeira vez no telão, e com “Last Horizon”, desencravada de sua breve carreira solo. No repertório de fartas 27 músicas coube também momentos do Free – impressionante como todos conheciam “All Right Now” – e do Bad Company, grupos em que Paul Rodgers cantou. Em todas elas a diversão é marca registrada no palco, não há nada de burocrático ali.

Quando a banda fechou o set com “Bhoemian Rhapsody”, era natural que o bis fosse turbinado com o apelo de “We Will Rock You”, com Brian May empunhando a guitarra num chamado para o rock; e “We AreThe Champions”, seguramente a balada mais marcante já feita por uma banda em todos os tempos. Num ginásio construído para a prática de esportes, milhares de braços erguidos davam o tom épico de uma apresentação histórica e seguramente atemporal.

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Depois de duas horas e meia de pura emoção,
Roger Taylor, Brian May e Paul Rodgers se
despedem em grande estilo

Set list completo:

1- Hammer To Fall
2- Tie Your Mother Down
3- Fat Bottomed Girls
4- Another One Bites The Dust
5- I Want It All
6- I Want To Break Free
7- C-lebrity
8- Surf’s Up… School’s Out
9- Seagull
10- Love Of My Life
11- ’39
12- I’m In Love With My Car
13- A Kind Of Magic
14- Say It’s Not True
15- Feel Like Makin’ Love
16- We Believe
17- Bijou
18- Last Horizon
19- Under Pressure
20- Radio Ga Ga
21- Crazy Little Thing Called Love
22- The Show Must Go On
23- Bohemian Rhapsody

Bis

24- The Cosmos Rockin’
25- All Right Now Free
26- We Will Rock You
27- We Are The Champions

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2 Comments

  1. O show foi inenarrável. Inesquecível… Saí do HSBC com a alma lavada. Depois de algum tempo, fui ficando triste porque voltei em 1985 (Rock in Rio) e percebi o que eu havia perdido (minha mãe não me deixou ir; eu só tinha 17 anos)… Fazer o que, né?

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